quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mochilão.


Olá, tudo bem?

Esse post vai especialmente pra você, caso o leia. Te amo, e te conhecer foi um dos melhores prazeres da minha vida (mesmo que talvez nem tenha te conhecido).





Sinto ultimamente que nesse explêndido teatro da existência, designado por Deus, somos todos como caixeiros-viajantes. Trabalhadores autônomos. Alguns mais preocupados em viajar, outros em fazer negócios.

Dias atrás reví alguns colegas da faculdade e lembrei desse gosto de conhecer pessoas, estabelecer amizades, e também dos espirros de nostalgia que rolam quando eu abro as gavetas empoeiradas onde ficam os velhos amigos.
Mais memoráveis que as decepções, muito melhores que suas falhas, mil vezes mais excelentes que suas condições reais! Todos serão assim, desde que você não busque neles a perfeição.
É contrariante esse sentimento de que foram os melhores, de que as pessoas com quem se perdeu contato tinham uma imagem muito mais carregada das virtudes que elas realmente não tinham. Talvez isso nos sirva como um consolo por essas pessoas não nos acompanharem mais: nada como guardar só o que é bom.

Dias atrás tive consulta no pós transplante: a médica viu o ultimo exame pós-tmo que faltava ser apresentado. Ao analisá-lo, ela reveu todos os outros exames cuidadosamente, olhou pra mim e disse:


"-Olha Diogo, sem a avaliação do neurologista, você tem só mais dois meses"...


Ao ouvir isso eu imaginei: 'Man! Como essa frase poderia ser terrível, caso não fossem dois meses ATÉ a próxima consulta'. Isso me trouxe muita gratidão. Pela vida, por tudo. Momentos bons e maus.
Acho que é ai que fica uma formula (que nunca me mostrou ser falha) de transformar a forma de se relacionar com os outros caixeiros e, porque não, melhorar e revolucionar o mundo. De dar um jeito de amar ao próximo independentemente de como ele seja. Ser agradecido por tudo o que esses contatos nos proporcionam realmente faz com que olhemos a eles com uma perspectiva otimista, sem considerar os seus defeitos, o que nos faz aceitá-los até o ponto de conseguir amá-los.
Gratidão é também a principal moeda. Como diz o célebre filósofo Meu Irmão à partir do estudo dos comediantes das 'escolinhas do não-sei-lá-o-quê': "Dessa vida nada se leva!".
Mesmo as feridas e decepções que insintimos em carregar acabam sendo abandonadas em alguma parada das nossas aventuras, ou talvez trocadas por melhores experiências quando voltamos aos lugares onde elas se sucederam e reencontramos as pessoas que as deram origens.
O segundo cara mais esperto da história foi sábio o suficiente para conseguir tudo o que sua alma desejou, e depois de tudo, percebeu que isso é vaidade, fútil e cansativo como correr atrás do vento. Já o cara mais esperto, o n°1, percebeu que aquele que busca sua própria vida acaba por perde-la, e quem aceita perder o que lhe é próprio encontra a vida nisso.

Gratidão, cansaço, vaidade, vida.

Meu Deus! Eu sou um nada. Que bom ser um nada!!! Me traz espanto! Me lembro da minha pequenez no momento em que minha vida aqui na Terra começou. Não falo do meu nascimento, mas do momento em que o óvulo foi fecundado e começou o meu infinito processo de desenvolvimento. O mais glorioso de tudo é que isso só pôde acontecer porque eu fui um dos menores espermatozóides entre centenas de milhares. Rs, se houvessem outros espermatozóides lendo isso eu me gabaria pra eles!
Essa poderosa transformação me mostra que tudo o que eu tenho é de graça, e nada é meu. Tudo eu devo doar, deixando o que eu consigo com outros como presente por sua companhia nessa viagem, estando eles perto ou não, e que desses bens o mais precioso é a gratidão, que me tira todos os méritos e me deixa embasbacado com a tremenda evolução daquela celulazinha.
Esse principio da vida nunca havia me chamado a atenção, certamente porque não tenho nenhuma lembrança das minhas experiências naquela época, mas que foram as mais importantes pra determinar o que eu sou hoje.

Devo manter as malas prontas, porque continuo viajando. Quem sabe, logo mais irei embora denovo, e depois denovo, até que essas andanças acabem e eu chegue ao final do meu destino. Aliás, final não, para o verdadeiro começo que não terá fim. Para a vida que, assim como no útero, estou me preparando pra receber, cheio de gratidão.

2 comentários:

  1. Puxa, bem mais profundo do que meus pensamentos de 1 ano atras... kakakakakaaka!
    Mas é isso ai! Gratidão, palavra-chave!
    Gratidão por tdo que temos, por tdo que somos, pelas pessoas que nos circurdam, pela saude, etcetera.........
    Por falar em viajar... Vamos a la playa?? Uhhhuuuuuu!

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  2. ESPETACULAR, EXPLENDIDO, SHOW!

    Rapaaaz... parece q vc fez pra muá!
    Parece q depois de vc ler todos meus textos, vc parou pensou e disse: essa menina tá pensando de uma forma muito diferente da minha! preciso dizer como penso pra ela ver como eh uma visao bem melhor!

    rapaz, otimos argumentos, otimo enredo, realmente, vai levando a gente e nossos pensamentos pra longe!

    Meus parabens!

    Grande bjo
    Danny

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