domingo, 22 de novembro de 2009

Ave do Norte


Gerson Borges



Meu coração é Ave do Norte
Migrando pra os Mares do Sul
Fugindo do frio que a tudo congela
E o tom da alegria nos leva
Meu coração bate as asas
E parte em busca de vida
Embora pareça escondida
Teima em voar

Meu coração persegue a rota
Que vai dar nos mares do Sul
Às vezes se perde ou confunde a paisagem
Mas segue em frente a viagem
Meu coração segue o rumo
E a reta do porto da vida
Embora correndo perigo
Teima em voar

Meu coração carrega consigo
Saudades dos mares do Sul
Do alimento farto, da festa das cores
Nas Terras cobertas de flores
Meu coração viajante
Aceita o convite da vida
Embora o chamem de louco
Teima em voar

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Câncer



Há palavras que impossibilitam eufemismos.
Morte, guerra, destruição. Aids, Câncer, Solidão... Aids-Câncer... Aids-Câncer.
Palavras que trazem frio, pavor, falta de ar e angústia, palavras que gelam o espírito. Palavras impronunciáveis por aqueles que já as enfrentaram e sofreram seus efeitos. Quem nunca lutou contra algum desses gigantes inomináveis e nunca lidou com o terror da sua presença não conhece a sua força própria e valor. Bem aventurado quem nunca precisar dessa batalha!

O ABVD me trouxe isso a tona. A palavra câncer tomou uma amplitude muito maior e mais atordoante. É meu ponto fraco. É o Golias que degolo por precaução. É o que mais temo para meus amados. É o que me causa mais compaixão.

De uma ironia maligna, assim como um veneno fabricado pelo próprio corpo para destruí-lo, é causado pela evolução de um mundo que se destroi. O corpo danificado não consegue mais produzir saúde, e de si mesmo, decide pela eutanásia.
É o que me torna mais pessimista para as futuras gerações. Um legado angariado a gerações, um fruto cultivado por nós e nossos pais que a cada vez colhemos mais.

O que fazemos conosco? O que estamos fazendo com nós mesmos?
Um câncer.

Socorro Deus! Salve-nos de nós mesmos! Daquilo que fizemos pra nos destruir!







"¶ Vinde, e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida.

Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele.

Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra."
Oseias 6.1-3

sábado, 3 de outubro de 2009

Ao Cristo Crucificado






Não me move, Senhor, para querer-te,
o céu que me hás um dia prometido;
nem me move o inferno tão temido,
para deixar por isso de ofender-te.

Move-me tu, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido;
move-me no teu corpo tão ferido
ver o suor de agonia que ele verte.

Move-me ao teu amor de tal maneira,
que a não haver o céu eu te amara
e a não haver o inferno te temera.

Nada tens a me dar porque te queira
pois se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que quero te quisera.

A vida Ensina.




Se você pensa que sabe; que a vida lhe mostre o quanto não sabe. Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento; que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim. Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando. Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo. Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.Tanto mais lúdica quanto mais complexa. Tanto mais complexa quanto mais consciente.Tanto mais consciente quanto mais difícil. Tanto mais difícil quanto mais grandiosa. Se você pensa que disponibilidade com paz não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge. Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas. Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva. Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois. Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la. Que aquele garoto que não come, coma. Que aquele que mata, não mate. Que aquela timidez do pobre passe. Que a moça esforçada se forme. Que o jovem jovie. Que o velho velhe. Que a moça moce. Que a luz luza. Que a paz paze. Que o som soe. Que a mãe manhe. Que o pai paie. Que o sol sole. Que o filho filhe. Que a árvore arvore. Que o ninho aninhe. Que o mar mare. Que a cor core. Que o abraço abrace. Que o perdão perdoe. Que tudo vire verbo e verbe. Verde. Como a esperança. Pois, do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo. A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos. (Crônica de Artur da Távola)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mochilão.


Olá, tudo bem?

Esse post vai especialmente pra você, caso o leia. Te amo, e te conhecer foi um dos melhores prazeres da minha vida (mesmo que talvez nem tenha te conhecido).





Sinto ultimamente que nesse explêndido teatro da existência, designado por Deus, somos todos como caixeiros-viajantes. Trabalhadores autônomos. Alguns mais preocupados em viajar, outros em fazer negócios.

Dias atrás reví alguns colegas da faculdade e lembrei desse gosto de conhecer pessoas, estabelecer amizades, e também dos espirros de nostalgia que rolam quando eu abro as gavetas empoeiradas onde ficam os velhos amigos.
Mais memoráveis que as decepções, muito melhores que suas falhas, mil vezes mais excelentes que suas condições reais! Todos serão assim, desde que você não busque neles a perfeição.
É contrariante esse sentimento de que foram os melhores, de que as pessoas com quem se perdeu contato tinham uma imagem muito mais carregada das virtudes que elas realmente não tinham. Talvez isso nos sirva como um consolo por essas pessoas não nos acompanharem mais: nada como guardar só o que é bom.

Dias atrás tive consulta no pós transplante: a médica viu o ultimo exame pós-tmo que faltava ser apresentado. Ao analisá-lo, ela reveu todos os outros exames cuidadosamente, olhou pra mim e disse:


"-Olha Diogo, sem a avaliação do neurologista, você tem só mais dois meses"...


Ao ouvir isso eu imaginei: 'Man! Como essa frase poderia ser terrível, caso não fossem dois meses ATÉ a próxima consulta'. Isso me trouxe muita gratidão. Pela vida, por tudo. Momentos bons e maus.
Acho que é ai que fica uma formula (que nunca me mostrou ser falha) de transformar a forma de se relacionar com os outros caixeiros e, porque não, melhorar e revolucionar o mundo. De dar um jeito de amar ao próximo independentemente de como ele seja. Ser agradecido por tudo o que esses contatos nos proporcionam realmente faz com que olhemos a eles com uma perspectiva otimista, sem considerar os seus defeitos, o que nos faz aceitá-los até o ponto de conseguir amá-los.
Gratidão é também a principal moeda. Como diz o célebre filósofo Meu Irmão à partir do estudo dos comediantes das 'escolinhas do não-sei-lá-o-quê': "Dessa vida nada se leva!".
Mesmo as feridas e decepções que insintimos em carregar acabam sendo abandonadas em alguma parada das nossas aventuras, ou talvez trocadas por melhores experiências quando voltamos aos lugares onde elas se sucederam e reencontramos as pessoas que as deram origens.
O segundo cara mais esperto da história foi sábio o suficiente para conseguir tudo o que sua alma desejou, e depois de tudo, percebeu que isso é vaidade, fútil e cansativo como correr atrás do vento. Já o cara mais esperto, o n°1, percebeu que aquele que busca sua própria vida acaba por perde-la, e quem aceita perder o que lhe é próprio encontra a vida nisso.

Gratidão, cansaço, vaidade, vida.

Meu Deus! Eu sou um nada. Que bom ser um nada!!! Me traz espanto! Me lembro da minha pequenez no momento em que minha vida aqui na Terra começou. Não falo do meu nascimento, mas do momento em que o óvulo foi fecundado e começou o meu infinito processo de desenvolvimento. O mais glorioso de tudo é que isso só pôde acontecer porque eu fui um dos menores espermatozóides entre centenas de milhares. Rs, se houvessem outros espermatozóides lendo isso eu me gabaria pra eles!
Essa poderosa transformação me mostra que tudo o que eu tenho é de graça, e nada é meu. Tudo eu devo doar, deixando o que eu consigo com outros como presente por sua companhia nessa viagem, estando eles perto ou não, e que desses bens o mais precioso é a gratidão, que me tira todos os méritos e me deixa embasbacado com a tremenda evolução daquela celulazinha.
Esse principio da vida nunca havia me chamado a atenção, certamente porque não tenho nenhuma lembrança das minhas experiências naquela época, mas que foram as mais importantes pra determinar o que eu sou hoje.

Devo manter as malas prontas, porque continuo viajando. Quem sabe, logo mais irei embora denovo, e depois denovo, até que essas andanças acabem e eu chegue ao final do meu destino. Aliás, final não, para o verdadeiro começo que não terá fim. Para a vida que, assim como no útero, estou me preparando pra receber, cheio de gratidão.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Dolores.




Ê vida! Após um longo abandono, volto pra falar sobre coisas desagradáveis. Como a repulsiva capa do glorioso álbum do Alice In Chains, falo sobre a dor nossa de cada dia.
Andei vendo jogos mortais ultimamente, e também tive de lidar com uma biopsia de medula óssea, então, estou bem sensível a esse tema.

Nós vivemos pra lutar contra isso. Diminuir a dor do nascimento que nos faz chorar tanto. A dor que nos faz correr desesperadamente atrás da felicidade, como se fosse um antídoto para a ferida da insatisfação da nossa alma. Há uma ilustração onde dor é positivo e prazer é negativo, sendo que o prazer é sempre menor do que a dor, tendo como exemplo um leão devorando uma gazela: o prazer do leão em devorar sua presa é bem menor do que a dor da gazela em ser devorada. Imagino que talvez por tédio, insatisfação, loucura ou sei lá o que, não conseguimos responder ao enigma: 'O que é a felicidade?' somos devorados pela esfinge da nossa própria existência.

E quem não está familiarizado com as mordidas? Logo cedo se sofre dentadas, com todas as temíveis e insuportáveis aflições de quaisquer coisas que façam as crianças chorarem. Quem nunca passou pela desnorteante dor do fim de um romance adolescente? Quem é que conseguiu chegar a essa idade sem ter a alma marcada por algum trauma?

Essas dentadas tatuam nosso caráter. Nos moldam pra sempre. Boas notas, sucesso profissional, uma alma gêmea, amor, um olhar de aprovação, consideração, elogios, reputação, honras e promessas, lembranças e histórias, qualquer coisa que possamos guardar como troféus... são apenas analgésicos caros, que procuramos pra conseguir levar numa boa. No fim de tudo isso, se deseja mesmo é morrer pra poder descansar.

Pra mim, nada ilustra mais essa companheira de todas as horas como a cadelinha adotada pela minha irmã, que foi justamente batizada de "Dolores". A singela canina da foto acima, encontrada num 'orfanato' e que deve ter um historia triste demais pra ser contada.
Como os outros animais encontrados na rua, Dolores carrega seus traumas, as rejeições, as violências sofridas, as fomes e carências no olhar. De postura submissa, destituída de qualquer senso de reação, defesa e altivez, parece ter se acostumado à dor, abraçado seu cabresto e se submetido ao seu jugo. Como diz o CBK: ...Kneeling...Defeated!!!
Anos a fio lhe fizeram desconfiar da vida, temer um gesto de carinho e ter dificuldade em retribuir e receber afeto. Talvez jamais perceba sua importância e se recupere das feridas.

Isso me traz uma conciência da dor nossa de cada dia e dos seus efeitos em meus defeitos. Como é inútil fazer as coisas na busca do prazer. Como posso acabar me deixando ser curvado pela dor, ou me desesperando pra SER FELIZ. Como posso, depois de cada tortura, olhar para cima e enxergar que o que não te mata te torna mais forte. Que não estou abandonado à minha sorte infeliz de ser devorado a vida toda, me debatendo em desespero.


Quanto mais transpassado foi Aquele. Quanta dor enfrentou o Único que venceu essa esfinge!


1 ¶ Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?
2 Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.
3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
4 ¶ Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
8 Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.
9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.




10 ¶ Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão.
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.
12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.





Só mesmo Ele, que já sofreu por mim!!! Por ele vale a pena sofrer! Nele nossas dores são leves e momentâneas, pois só ele pôde afirmar que enxugará dos nossos olhos todas as lágrimas.

Ele enxugará dos nossos olhos todas as lágrimas.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

No More ABVD


Salmos 130

1 ¶ [cântico dos degraus] Das profundezas a ti clamo, ó SENHOR.
2 Senhor, escuta a minha voz; sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas.
3 Se tu, SENHOR, observares as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá?
4 Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.
5 ¶ Aguardo ao SENHOR; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.
6 A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã.
7 Espere Israel no SENHOR, porque no SENHOR há misericórdia, e nele há abundante redenção.
8 E ele remirá a Israel de todas as suas iniqüidades.







Ontem era véspera de consulta de rotina no hospital. Iria buscar e apresentar resultados de exames que mostrariam o resultado de todo o tratamento até agora. Como de praxe, fiquei tão ansioso que não conseguia dormir. Lembrava de tudo pelo que eu passei até hoje: as sessões de quimio, as sessões da rádio, as internações, exames, conflitos psicológicos e os efeitos ruins de tudo isso, dos quais não quero falar agora. Imaginava com medo, se eu teria de passar por aquilo mais vezes... Nesses momentos de apreensão suspeita-se de tudo. Apesar de evitar pensar que sim, até concordei de que sentia minha barriga meio estranha, o que poderia ser o inchaço do baço (um dos primeiros sintomas de atividade da doença...). Aos poucos essas preocupações tomam conta da mente e vão te levando ao desespero.
Ao considerar que iria passar por aquilo de novo senti dor. Doía no meu animo, doía na minha esperança, doía no meu orgulho e no meu sorriso de ter que contar pra alguém que eu começaria tudo denovo. Não era como a dor física, como de levar um soco, mas a dor de saber que nada te protegerá da porrada que você está prestes à receber. Esse pensamento me fez refletir sobre a minha frágil condição: nossas labutas, nossas vaidades, aspirações, sonhos, e que tudo isso é tão palpável quanto um espírito. Em um acidente, em uma ventania, em um descuido, tudo pode ser lançado por terra. Coisa terrível de se pensar!!! Principalmente na véspera de uma consulta onde se vai saber a sorte da evolução de um tratamento contra uma doença tão maldita.
Lembrei de uma música que é idêntica a esse sentimento, Carmina Burana (do comercial de negresco) de Carl Orff... Como ela fala sobre a força do acaso contra os planos e curso da vida:

"(...)O destino está contra
Minha saúde
E virtude
(...)
Então agora
Sem demora
Puxe essa corda vibrante
Já que o destino
Extermina o forte
Chorem comigo!"

Fiquei imaginando como deveria ter sido pra (o camarada do desenho acima, ilustrado fantásticamente por Portinari.), que teve todos os motivos pra maldizer sua sorte, tantos conflitos por crer que o que lhe ocorrera não fora acaso, e sim a permissão do Todo Poderoso, e que Deus o punia por ser homem mal, mesmo quando sabia ser integro e desconhecia seu pecado - "Aquilo que eu mais temia, isso me aconteceu." - A frase da dor, que pra mim, deveria estar escrita no rodapé do quadro.
Ao lembrar do mano , lembrava também de outro oprimido pela vida, e também personagem bíblico, o rei Davi, escritor do Salmo acima citado. Viveu conflitos assim a vida toda, mas mesmo assim teve paz durante as adversidades. O filho mais novo entre sete irmãos, trabalhava na pecuária até ser inesperadamente determinado por Deus o segundo rei de Israel, foi perseguido por seu sogro durante toda a vida deste, sofreu um golpe de estado do seu próprio filho e enquanto estava refugiado nas montanhas, cercado de um lado pelos exércitos de Israel, comandados por seu sogro Saul, cego pelo ciúmes e ódio, do outro pelos filisteus que contaram muitas baixas afligidas pelos exércitos outrora comandados por Davi, pode compor: "O Senhor é meu pastor, e nada me faltará (...) AINDA que eu andasse pelo vale da Sombra da Morte não temeria mal algum, pois Ele está comigo."

Senti tanta paz que quase dormi na hora. Não fosse a alegria que eu senti, que me fez ficar rindo meio bobo, eu teria virado e descansado automáticamente. É lógico que não me lembro como/quando foi que eu peguei no sono, mas sei que ainda 'to meio bobo por conta dessa Graça maravilhosa, por ser tão frágil e tão levado em conta, ter passado por tanta dor e ao mesmo tempo estar certo de que o meu redentor vive e que com esses mesmos olhos deseperados, dos quais em breve ele enxugará todas as lágrimas, eu O verei.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quem xora, mama!



Hao hermanos.


Rápidamente começo falando que hoje foi um dia rápido e cheio. Elegante e frio. Devidamente aquecido por uma amizade de alguns anos e decisões temerosas. Conversas bem temperadas e conclusões relevantes:

"-Eu penso muito!"

Sempre acreditei nisso. Fui sempre medroso (a decisão de ultima hora de hoje foi um exemplo). Talvez por zelo - pra não perder,ou por vergonha - pra evitar o ridículo, sempre me cobrei muito. Sempre calculei e ponderei antes de tomar decisões, e incrívelmente, não deu certo na maioria das vezes, ou mesmo com o sucesso fiquei desapontado.

Então porque será que rola tanta procrastinação (palavra que aprendi por identificação com ela)? Porquê tanta exitação? Tanto temor... Tanta vergonha do que ainda não deu errado e que provavelmente não daria, caso eu tentasse.

O João (é, um daqueles que viram Jesus) disse que "No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor." Em outras traduções essa 'pena' está também como culpa, castigo. Será que tanta moderação é por falta de amor? De jeito nenhum! Sou todo amor! Será então que esse medo que me faz medir ridiculamente minhas atitudes baseia-se em um futuro castigo que me espera caso eu falhe? Mas que droga! Deve ser isso. Todos tem medo de errar, mas como nosso brother Rick Warren, nossa vida não pode ser regida pelo medo, e como o transgressor tio Brecht poetizou: "Temeremos mais a miséria do que a morte". Sim, porque o medo nos prende e impede de viver com queriamos, e ainda joga na cara: "Puts, deve ter sido legal... deveria ter ido." qdo não dá mais tempo. Ou então nos aflige criando expectativas negativas sobre coisas que na verdade são simples, graciosas e faceis, dificultando bastante a relação com elas.
CORAGEM! Na verdade, palavras de animo não tem nenhum efeito contra o medo (falando por experiência), até porque coragem não é ausência do medo, mas sim uma disposição p/ enfrentá-lo. Melhor que a bondade de outros que não estão na sua pele é ter FÉ. Fé vc já sabe: a certeza/convicção das coisas que não aconteceram e que não se vêem mas que se esperam/buscam. Mais fácil, é a certeza de que a bola está no fundo da rede antes mesmo de bater o pênalti. Não interessa se o goleiro é o D. Ospina (intransponível arqueiro do San Lorenzo, meu time na masterliga), vc já vê a bola parada no fundo do gol.
Fé eu tenho. Também um futuro, algumas armas e tempo. Bem precioso pra fazer planos, poderar, pensar e repensar. Mas não tão necessário para viver por fé, reagir sem medo e se sentir em paz consigo.

*Valeu meeeeeeeeeeeesmo pela conversa! Muito edificante!

Talvez eu queira ainda falar sobre isso...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Ford of The Jabbok .


Olá! Tudo bem? Muitos dias sem aparecer, vim fazer uma visita.

Ha! Foram dias estranhos. Muito confusos, enganosos.
Como nossas emoções são facilmente ludibriadas, levadas pela situação, encantadas!!! Temo nunca saber a verdade, ou demorar demais pra descobrí-la (Isso se essas emoções permitirem). A duvida é o preço da pureza mas, e a justiça? E a verdade?

Esses dias estive convicto em te deixar. Não que fosse por sua culpa. "-O Problema sou Eu". Esse não era mais meu lugar. Estava errado, estavamos errados. Não havia verdade.
Será que agora é serio? Será que vamos ficar juntos? Seremos normais, como os outros, felizes, sinceros... E mais do que eles, verdadeiros?

Verdade... Quando serei livre?
Durante toda minha formação passei por conflitos sobre a verdade, e agora, como Jacó estou assustado em frente ao juízo dos meus atos. Não sei o que responder. Ser sincero é olhar esse monte de duvidas que eu sou e procurar o que há de mais honesto nisso tudo, mas o medo em frente a esses olhos paraliza. Em meio a nenhuma forma de fuga, vou partir pra luta.
Lutar até encontrar a verdade.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tente decorar.

Há uma musica que ilustra esses dias que eu estou passando em casa, tanto o que eu penso quanto o que acontece. Eu gosto bastante mas nunca decorei, já não tenho idade pra decorar Legião Urbana. Tente aeh, boa sorte!



Tempo Perdido

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...

Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...

Tão Jovens! Tão Jovens!...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Começando.


Bem, não há nada tão nobre em bloggear. Nada a ser escrito e falta de prática. Com o tempo eu serei bom, como em todas as coisas que são feitas.
Não há metas mas rola uma perspectiva e torço pra dar certo. Minha mente sempre quiz conversar, falar, falar, falar, falar, falar. Poucas vezes a pessoa certa estava presente, e quase nunca me ouviu. Tomara que se vc for alguém e estiver lendo isso, já tenhamos tido uma boa conversa.
Não quero mais falar sobre isso.